quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Entenda o sucesso da Honda Biz



Facilidade de pilotagem, praticidade e economia de combustível, herdados da Super Cub de 1958, explicam porque a Biz é uma das motos mais vendidas do Brasil

Por Arthur Caldeira, Agência Infomoto (matéria de abril/2018 com números atualizados)

Em meados da década de 1950, Soichiro Honda queria criar um novo conceito de motocicleta. Uma moto “pequena”, tão fácil de pilotar – “que o entregador de soba (uma espécie de macarrão japonês) pudesse conduzir com uma mão só”, dizia o fundador da empresa. Além disso, deveria ser robusta o suficiente para enfrentar as péssimas estradas do Japão naquela época.

Da ideia de Soichiro nasceu, em 1958, a Super Cub, uma receita que se tornou sucesso mundial. Nesses 60 anos de história, a marca já vendeu mais de 100 milhões de unidades de diversas versões ao redor do mundo, que tinham em comum o mesmo conceito.



Entre as variações está a nossa Honda Biz, lançada em 1998 (foto acima). Apesar de contar com o conjunto motriz semelhante à Super Cub original, formado por motor horizontal, embreagem centrífuga automática e câmbio sequencial, a Biz acrescentou um “tempero” brasileiro à receita japonesa.

O Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda Brasil teve a sacada de trocar a roda traseira de 17 polegadas por outra de menor diâmetro (14’’). Dessa forma a versão nacional também ofereceria um espaço porta-objetos sob o assento. “À princípio não foi fácil fazer os japoneses entenderem nossa ideia. Eles não concebiam uma Cub com rodas de diâmetros diferentes”, relembra Ruy Nakaya, engenheiro da Honda à época e hoje aposentado.

Após muita discussão, os brasileiros provaram que sua ideia funcionava na prática. Estava criada a Biz, um dos grandes sucessos da marca no País, que já vendeu mais de 4 milhões de unidades, até novembro de 2020.

Fãs atentos

A embreagem centrífuga é automática. Não há manete para acioná-la: basta pisar no pedal para subir as marchas ou pressionar o calcanhar para reduzir. Na hora de arrancar, é só acelerar. O motor não “morre”. Os discos de embreagem se desacoplam conforme cresce o giro do motor – a mesma solução criada em 1958 que já provou sua robustez e facilidade.

O monocilíndrico de 125 cc tem bom torque (1,04 kgf.m já a 3.500 rpm) para o uso urbano, o que reduz o uso do câmbio. A potência de 9,2 cv também é suficiente para manter 90 km/h em vias mais rápidas. A proposta da Biz não é desempenho, mas economia. Nesse quesito, o consumo de 44,7 km/litro fala por si só.

Na parte ciclística, a roda de liga-leve de 17 polegadas na dianteira encara bem o asfalto ruim. Com a ajuda das suspensões macias, o piloto não sente as imperfeições do piso como nos scooters. A novidade fica por conta dos freios (a disco na frente e tambor atrás) que agora têm sistema combinado. Ao pisar no pedal do freio traseiro, o dianteiro também é acionado e proporciona frenagens às vezes até exageradas. Afinal, a Biz 125 pesa apenas 100 kg a seco.

Outras novidades

Mas se o conjunto motriz e a ciclística são praticamente as mesas desde 1998, por que a Honda chama o modelo de “nova Biz”? Na parte visual as luzes de direção estão maiores no escudo frontal e, na traseira, foram integradas de forma mais harmoniosa à lanterna. A versão de 125 cc ainda traz um inédito painel digital de fácil leitura – que conta com a indicação “Eco”, quando a forma de pilotagem está consumindo menos combustível.

Mas as mudanças mais importantes para quem usa a Biz no dia-a-dia são mesmo no transporte de objetos. O assento pode ser aberto no miolo da chave de ignição, como nos scooters. O espaço ganhou um litro a mais (22 l no total). Pode parecer pouco, mas nos modelos anteriores era preciso certa manha para encaixar um capacete integral (fechado). No novo modelo a tarefa ficou mais fácil.

Já a tomada 12 V sob o banco seria mais útil se a Honda tivesse instalado uma entrada USB – ao menos que você tenha um adaptador para carregar seu smartphone. O gancho atrás do escudo frontal também não ajuda muito: como não há uma plataforma para apoiar, as sacolas penduradas ali ficam balançando e atrapalham um pouco a pilotagem.

Praticidade e economia conquistam

Particularmente, nunca fui muito fã das motonetas, como a Biz, muito em função do seu câmbio. A ausência do manete de embreagem e o câmbio sequencial e rotativo com as marchas para baixo sempre confundem minha cabeça de motociclista, acostumado com “a primeira pra baixo e o resto pra cima”.

Entretanto, admito que é fácil gostar da Biz 125 após duas semanas rodando no trânsito de São Paulo. A praticidade do espaço sob o banco, a facilidade de pilotagem sem apertar embreagem ou sujar o calçado no pedal de câmbio também me conquistaram. Isso sem falar na economia de combustível, em tempos de gasolina custando mais de R$ 4,00 o litro.

Também revela porque a receita da Super Cub fez tanto sucesso em todo o mundo. E continua a conquistar motociclistas de todos os gêneros com ou sem experiência, mesmo mais de meio século depois.


Ficha técnica

Honda Biz 125 (Saiba mais!)

Motor: OHC, monocilíndrico, 124,9 cm³, quatro tempos, duas válvulas, arrefecimento a ar

Potência: 9,2 cv a 7.500 rpm

Torque: 1,04 kgf.m a 3.500 rpm

Diâmetro e curso: 52,4 mm x 57,9 mm

Alimentação: Injeção eletrônica

Transmissão: câmbio semi-automático 4 marchas

Partida Elétrica

Suspensão dianteira Garfo telescópico com 100 mm de curso

Suspensão traseira Sistema bichoque com 86 mm de curso.

Freio dianteiro Disco simples de 220 mm de diâmetro e CBS

Freio traseiro Tambor com 110 mm de diâmetro

Pneus 60/100-17 (D) e 80/100-14 (T)

Dimensões: 1.894 mm de comprimento, 714 mm de largura, 1.085 mm de altura

Distância entre-eixos: 1.264 mm

Distância mínima do solo: 131 mm

Altura do assento: 753 mm

Peso a seco: 100 kg

Capacidade do Tanque: 5,1 litros

Cores: Laranja, Preto ou Branco (perolizados)

Preço público sugerido: R$ 10.590  (preço base São Paulo, valor atualizado divulgado no site do fabricante)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Como perder o medo e usar a moto todos os dias

Muita gente tira a CNH, compra uma moto e tem receio de usá-la para ir trabalhar, estudar ou viajar. Veja como treinar e ganhar confiança para superar o medo e ser feliz com sua motocicleta  

O que é o medo?

“O medo é um sentimento natural do ser humano, ele é importante pois está ligado ao extinto de sobrevivência” com essa frase a psicóloga Camila Ferreira, de Atibaia (SP), define um dos maiores obstáculos para que os recém-habilitados usem a motocicleta diariamente. Infelizmente não faltam exemplos de alunos que vencem as barreiras do exames teórico e prático e, quando recebem a tão sonhada CNH – Categoria “A”, não têm coragem de usar a moto. Muitos até desistem. O que é possível fazer para ajudar esses novos habilitados? O que eles podem fazer para superar o medo? 

Na maioria das vezes sentimos medo quando nos deparamos com uma situação que não dominamos. Pode ser caminhar em uma estrada escura, viajar de avião, ou mesmo, animais e insetos – nesse último caso os temores estão ligados às fobias. Vamos nos ater ao exemplo do recém-habilitado.

Segundo a psicóloga muitas vezes o medo é aflorado pelo excesso de exposição às notícias negativas, “infelizmente os acidentes ganham destaque na mídia, o recém-habilitado ainda não domina a pilotagem e acaba criando um temor exacerbado, pensando nos riscos de andar de moto”.  A profissional afirma que aumentar o conhecimento da motocicleta, seja com treinamento ou ajuda de um especialista (aulas particulares com o instrutor, por exemplo) ajudam a aumentar a confiança e superar o medo.

Treinar, treinar, treinar...


O jornalista Cicero Lima, habilitado há 40 anos, afirma que a moto faz parte do seu corpo “parece que as rodas são minhas pernas e, o guidão, meus braços, tamanha a intimidade que criei com o veículo”. Mas no começo não era assim. O comunicador ainda lembra do temor inicial em subir uma rua  “minhas mãos suavam só de pensar em encarar um rampa de moto” lembra Cicero.
Por conta disso o jornalista gravou um vídeo (clique aqui disponível Canal Revista Moto Escola) com 5 dicas para quem deseja superar esse temor. Lá ele mostra como ganhar intimidade com sua moto e usá-la no cotidiano sem medo.

                                             Passo 1 – Ruas Tranquilas



Procure rodar em ruas sossegadas, próximas à sua casa para ter noção de convivência com outros veículos e pedestres. Aproveite para treinar o uso dos freios e sinta a reação da moto ao apertar o manete ou pisar no pedal. A troca de marchas, passando para terceira, quarta, quinta e reduzindo, vai aumentar a sua intimidade com a moto e as reações do câmbio e embreagem. Por falar em embreagem, treine bastante a forma correta de sair com a moto, isso evita o risco do motor “morrer” e você ficar nervoso (ou nervosa) em meio aos outros veículos. Há, mas caso isso aconteça, não se apavore. Respire fundo, ache o neutro (ponto morto) ou aperte a embreagem para ligar a moto novamente. Olhe no retrovisor e saia com cuidado.

                                              Passo 2 – Seguindo o fluxo


Quando você estiver mais confiante comece a rodar em ruas de maior movimento, sempre seguindo o fluxo, ou seja, na mesma velocidade que os outros veículos. Não fique muito próximo ou distante dos outros carros. Se estiver mais lento, mantenha à direita, mas fique atento à sujeira, mancha de óleo e detritos que se acumulam próximo às sarjetas, se usar o freio nessas condições existe o risco de derrapagens. Acostume-se a olhar no retrovisor para perceber a aproximação de outros veículos em velocidade elevada e, se for possível, facilite a ultrapassagem.

                                               Passo 3 – Você no corredor


Uma das facilidades da motocicleta é a possibilidade de usar o corredor entre os veículos quando o trânsito está parado. Quando você estiver confiante e o trânsito parar, dê a seta olhe no retrovisor para ver se se alguma moto está se aproximando. Se tudo estiver livre entre no corredor em velocidade moderada e sempre atento a presença de pedestres atravessando entre os carros. Quando o trânsito voltar a andar, retome seu lugar no centro da faixa e siga o fluxo.  Evite usar o corredor quando o trânsito está fluindo, existe o risco de fechadas pois muitas vezes o motorista não vê a moto que está no ponto cego.

                                            Passo 4 – Usando bem os freios


Seja no corredor ou seguindo o fluxo do transito, usar o freio de forma adequada, distribuindo a força de frenagem entre a roda dianteira e traseira, aumenta o controle e diminui o espaço que a moto percorre até a parada total. Acostume-se a usar o freio dianteiro, que tem maior eficiência, associado ao traseiro, que ajuda a controlar a moto. Usar somente o freio traseiro (como a maioria dos alunos faz durante o curso prático) permite que a moto percorra um espaço maior e até derrape, podendo causar uma queda – veja no vídeo.

                                               Passo 5 – Subidas e descidas



Quem mora em cidades de região serrana deve se acostumar às reações da moto nas subidas e descidas. Controlar a moto na saída em um aclive exige o controle simultâneo da embreagem, acelerador e freio traseiro. Mas não é complicado, basta treinar para dosar o acelerador enquanto solta a embreagem e o freio traseiro ao mesmo tempo. Use marchas baixas, como a primeira, até ter controle para trocar pra a segunda, por exemplo. Se for necessário parar na subida, aperte a embreagem e use o freio traseiro para controlar a saída. Nas descidas use o freio-motor, usando a mesma marcha usada para subir, dessa forma a moto será controlada de forma mais eficiente. Saiba mais!